sexta-feira, 28 de agosto de 2009

ULTRAPASSE PELA ESQUERDA


Acendo um cigarro. Outro cigarro.
Tic tac tic tac, parece óbvio,
mas o relógio no seu pulso, impelia...
fazer algo, sair dali.
Levanta os vidros da janela
abaixa minha calças.
O cheiro que não esqueci,
é sempre o mesmo quando possível
Calar a consciência,
é o que sempre busco em tais momentos
mas ela teima, instiga, fere
sinestésica convalescendo,
filha da puta inenarrável das tramas vulgares por onde tropeço
mas não, dela me esqueço.
Vai, que horas são?
Acaba logo porra!
A mentira que deixei de proferir,
o estrago do fora que levei no sábado à noite,
inevitável devido às circunstâncias ou a carência?
A carência entre as pernas, a espera entre os dedos.
Acendo mais um cigarro.
Caminho para casa de cabeça erguida.
Com o braço prá fora da janela.
Carícia no lugar dos cabelos
Seus nomes, minha cara ali.
São tantos endereços, telefones, vírgulas e adereços
qualquer papo besta.
Notas e explicações.
Mentais sensações, forjadas casualidades
fatalidades, situações.
Eu não te conheço?
agora já tenho preço.
O conforto desta boca
o desejo dentre os dentes
a cor das tuas grossas coxas.
Apego, cervejas
cardápios e camisinhas.
Livros, traições ao avesso
eu sei o que mereço.
Você sabe aonde caminhas?
um dois três quatro cinco
antes do fim
depois do recomeço
acendo um cigarro, outro cigarro
Tic tac tic tac, parece óbvio,
mas o relógio no seu pulso, impelia...