segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

2010


Primeira tarde de domingo. Clara e fervente. A rua vazia, o sol acima. Tudo deserto. Todos distantes, em suas casas. Nem uma vaga nos motéis. Ando num silêncio pacífico. Silêncio em movimento na tarde abafada. A retina querendo menos.

- O ônibus vem ali.

Quebro a cara. Faço a cabeça. Conquistei esta fama cedo. Sorri com tua boca bonita. Cheira amaciante. Deixa tesa esta tarde. Veloz... ligeiro, com o almoço na barriga. Barba feita, poros dilatando sal. Ano novo, grande coisa. Já acumulo mais do que gostaria. Quando seu aniversário? Trago um presente. Canto uma nova canção. Aproveito a sombra de uma dama da noite: insípida. Oprimida pela tarde, em latejante silêncio ela resiste.

- O ônibus vem ali.

Marco pontos, traço planos. A retina, a retina... a coxa direita. Quero mais nada não. Volta logo. Me manda um beijo. Esfrega as mãos. Olha as cores. Escuta este silêncio grave. Silêncio pulsante. Que fiz para tu não se esquecer. Faço barulho querendo me conter. Uma máquina japonesa toda vez que tenho você.