sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CLICHÊ

Eu
queria um talento revelado
milionário
marcar gols
talento utilitário
gozo maquinário

Ter o dom do histérico silêncio
pelos teus olhos
penetrado

Doer nas fechadas mentes
Dilatar pelas abertas

Mas faço tudo sempre errado
repetindo os mesmos erros do passado
verso pelo puro barato
a disciplina há tempos
custa caro.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ONÍRICA


Onde a chave do teu cofrinho?
O ponto de fuga desta paisagem?
Qual norte deste altar... com o quê regas tuas plantas?

Responde que prometo não mais rimar
preces com pregas.
Só assim por dizer estar as pressas.

Prezes estas verbas
que sem cifras
são mais relíquias
que muitas feras

Onde o X do teu tesouro?
O foco das tuas velozes velas?
Quem sabe o porte delas ... como chegas. como partes?

Responde que prometo me calar
sem mais sequelas
nem rudes nem belas
serão minhas as tuas mazelas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

2010


Primeira tarde de domingo. Clara e fervente. A rua vazia, o sol acima. Tudo deserto. Todos distantes, em suas casas. Nem uma vaga nos motéis. Ando num silêncio pacífico. Silêncio em movimento na tarde abafada. A retina querendo menos.

- O ônibus vem ali.

Quebro a cara. Faço a cabeça. Conquistei esta fama cedo. Sorri com tua boca bonita. Cheira amaciante. Deixa tesa esta tarde. Veloz... ligeiro, com o almoço na barriga. Barba feita, poros dilatando sal. Ano novo, grande coisa. Já acumulo mais do que gostaria. Quando seu aniversário? Trago um presente. Canto uma nova canção. Aproveito a sombra de uma dama da noite: insípida. Oprimida pela tarde, em latejante silêncio ela resiste.

- O ônibus vem ali.

Marco pontos, traço planos. A retina, a retina... a coxa direita. Quero mais nada não. Volta logo. Me manda um beijo. Esfrega as mãos. Olha as cores. Escuta este silêncio grave. Silêncio pulsante. Que fiz para tu não se esquecer. Faço barulho querendo me conter. Uma máquina japonesa toda vez que tenho você.